
Em apenas dois anos, Funfarme reduziu em 24,4 milhões de litros o consumo de água
As reduções do consumo de água, de energia e da emissão de carbono com o consequente freio no aquecimento global, que figuram como as principais pautas da A COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), já são prioridades para o maior complexo hospitalar do interior de São Paulo desde a década passada. Ao incorporar aos objetivos de gestão e à cultura organizacional de seus mais de 9.000 profissionais, o complexo da Fundação Faculdade Regional de Medicina (Funfarme), de São José do Rio Preto, no noroeste paulista, vem obtendo resultados significativos.
Dr. Horácio Ramalho, diretor executivo da Funfarme, destaca que as iniciativas da instituição estão plenamente alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos na Agenda 2030 da ONU — um dos pilares centrais da gestão institucional, que orienta decisões e práticas em todas as áreas de atuação da instituição. “Contamos com ações estruturadas que abrangem os três pilares do ESG (Ambiental, Social e Governança), gerando resultados concretos e sustentáveis que beneficiam a sociedade, preservam o meio ambiente e fortalecem a transparência e a ética em nossa atuação”, afirma Dr. Horácio.
Esta cultura organizacional que visa tornar o complexo hospitalar cada vez mais sustentável envolve desde grandes projetos, como a “Usina Solar” para geração de energia sustentável e o Parque de Resíduos instalado já há 23 anos e que trata mais de 3 milhões de toneladas por ano, até iniciativas pequenas e imperceptíveis, mas tão importantes quanto.
O reconhecimento a esta cultura organizacional por parte dos órgãos públicos, entidades e sociedade ocorre de várias formas. A Funfarme já recebeu o prêmio “Hospital Amigo do Meio Ambiente” seis vezes. Este ano, a Cetesb convidou a Fundação para apresentar, em evento de gestores de instituições de sucesso, o seu case de sucesso na gestão de resíduos.
Comitê Ambiental Funfarme
Para coordenações todas as ações no complexo hospitalar, a Diretoria criou, há nove anos, o Comitê Ambiental, formado por 25 membros de diversas áreas das unidades hospitalares. Além dos representantes efetivos, o órgão conta a colaboração mais atuante de mais de 260 voluntários, distribuídos em 9 grupos. “As ações e projetos que desenvolvemos são muito grandes e se multiplicam a cada ano, por isso, é fundamental este apoio dos profissionais de todo o complexo”, afirma Silvia Kawata, presidente do comitê.
Além dos 9.000 colaboradores da Funfarme, o Comitê atua integrado com os 440 profissionais e 986 alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de medicina, enfermagem e psicologia da Famerp – Faculdade de Medicina de Rio Preto, uma das mais conceituadas do Estado de São Paulo e da qual o HB e HCM são hospitais-escolas.
Economia de 24,4 milhões de litros de água
A escassez de água no planeta é um dos temas centrais da COP 30. O alerta já soou há muitos anos na Funfarme e diversas ações foram adotadas, resultando na redução do consumo de 24,4 milhões de litros de água, suficientes para abastecer uma cidade de 150 mil habitantes (54.000 casas) por um dia ou encher 10 piscinas olímpicas.
Grande parte desta redução foi obtida na gigantesca lavanderia do complexo hospitalar, onde são processadas 3.600 toneladas de roupas por ano. Há dois anos, foi iniciado o projeto de uso eficiente das lavadoras com a consequente redução do tempo de lavagem das milhares de roupas do enxoval e outras medidas envolvendo todos os setores assistenciais dos hospitais. O resultado foi a redução do consumo de 22,7 milhões litros.
Outro exemplo do esforço empreendido pela Fundação aconteceu na Unidade de Hemodiálise do Hospital de Base (HB), uma das instituições que integram a Funfarme. Ela reduziu o consumo de água de um ano em mais de 1 milhão e 700 mil litros.
Para se ter ideia deste volume, daria para:
• garantir o consomo de água de uma família durante 20 anos;
• abastecer uma cidade de 1.000 habitantes por uma semana inteira;
• encher 68 caminhões-pipa grandes, cada um com 25 mil litros;
• encher 8,5 milhões de copos d’água de 200 ml;
• e 11 mil máquinas de lavar roupa.
Como a Unidade do HB de Rio Preto é uma das maiores do Estado de São Paulo, realizando mais de 6.100 sessões de hemodiálise por mês, chegou-se a este expressivo volume de 1 milhão e 700 mil litros de água economizados.
Energia 100% renovável, evitando toneladas de CO₂ na atmosfera
Por ser uma “cidade” com 9.000 habitantes, além dos mais de 1.100 pacientes internados – sem falar nas centenas que passam diariamente – a Funfarme consome quantidade colossal de energia. Ciente disso, nos últimos anos, a diretoria realizou investimentos para que hoje o complexo pudesse produzir e usar energia 100% renovável, evitando despejar toneladas de gás carbônico (CO₂) na atmosfera.
Os tetos do HB e do HCM estão cobertos por 1.200 placas solares, que geram boa parte da energia consumida pela instituição. O restante, a Fundação compra no mercado livre somente de empresas cujas fontes sejam 100% renováveis. Desde que começaram a ser instaladas, a partir de 2023, as usinas já produziram 3 milhões de quilowatts/hora (kWh) de energia limpa, suficientes para abastecer uma cidade com 3.700 habitantes, durante um mês. Com isso, o hospital deixou de emitir mais de 240 toneladas de CO₂, o que equivale ao plantio de mais de 1.750 árvores.
A redução do consumo de energia beneficia o complexo hospitalar e, consequentemente, a população de outra maneira também, ressalta o diretor executivo da Funfarme. “Nossa economia financeira já totaliza mais de R$ 2,3 milhões, dinheiro revertido para investimentos e o custeio do hospital, beneficiando os mais de 1,7 milhões de habitantes pelo nosso complexo hospitalar, através do SUS”, afirma o diretor executivo.
Eficiência energética em prol da natureza
Outros vários projetos foram realizados visando sempre a redução do consumo de energia e envolveram investimentos de mais de R$ 12 milhões.
Por todo o complexo hospitalar, houve a troca de mais de 18 mil lâmpadas convencionais por de tecnologia LED, que resulta em menor consumo de energia.
Este mês, a Funfarme teve outro projeto de eficiência energética, aprovado pela CPFL, que destinará R$ 3,5 milhões para a modernização da infraestrutura de refrigeração do complexo hospitalar.
Único complexo hospitalar a ter Parque de Resíduos próprio
Em funcionamento há 23 anos, o Parque irá tratar, em 2025, 3 milhões toneladas de resíduos, dando a destinação correta posteriormente e, desta forma, evitando impactos ao meio ambiente. Este gigantesco volume de resíduos corresponde ao produzido, por ano, por 9,8 milhões de pessoas, considerando que um brasileiro gera cerca de 382 quilos por ano. É uma vez e meia a população do Rio de Janeiro. Do total reciclado, os maiores volumes são de restos de alimentos (1,3 milhão de toneladas) e de materiais infectantes (1 milhão de toneladas).
Para assegurar a destinação correta dos resíduos, a Funfarme mantém há anos parceria com cooperativas de reciclagem.
Funfarme eliminou há 14 anos uso do óxido nitroso um dos gases mais nocivos ao meio ambiente
Conhecido popularmente como o “gás do riso” e usado em anestesistas, o óxido nitroso (N₂O), de engraçado, não tem nada. É um dos que mais causam danos, pois, ao ser despejado, permanece por mais de 100 anos na natureza e tem o poder de aquecer o meio ambiente quase 300 vezes maior do que o gás carbônico (CO₂).
Isso significa que pequenas quantidades já aumentam muito o efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Além disso, o N₂O também destrói a camada de ozônio, que protege a Terra dos raios solares nocivos.
Ciente destes danos, a diretoria da Funfarme interrompeu o uso do óxido nitroso em 2011. Nestes 14 anos, o complexo hospitalar deixou de eliminar na natureza 302 toneladas do gás, corresponde à emissão de gases tóxicos de 17.000 automóveis por ano. “Enquanto eliminamos o uso do óxido nitroso no início da década passada, só mais recentemente os hospitais adotaram esta medida”, salienta Dr. Horácio Ramalho.
Segundo a Área de Engenharia da Fundação, ao eliminar o despejo do tóxico “gás do riso” na natureza, a instituição obteve o mesmo efeito de que se tivesse plantado 3,3 milhões de árvores há 10 anos.
Cobertura vegetal no complexo hospitalar mais do que dobrou
Outro projeto da Fundação com o objetivo de contribuir para a redução de emissão de CO2 é o plantio de árvores nativas em todas as unidades do complexo hospitalar.
Desde que iniciou o plantio, em 2015, a Funfarme aumentou de 263 para mais de 600 espécies no HB e HCM, na unidade do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, e o que inclui também 80 árvores, recentemente plantadas, no Hospital Municipal Prof. Dr. Domingo Marcolino Braga, cuja gestão é feita pela Fundação. Além disso, a Fundação distribuiu 500 mudas de espécies nativas a seus colaboradores.
Este ano, ao completar dez anos de projeto, a instituição realiza o Inventário Arbóreo do Complexo Funfarme-Famerp.




















