O Apóstolo Paulo afirma categoricamente na primeira carta aos Coríntios “Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, e vazia também é a fé que vocês têm” (1Cor 15,14) o Kerigma, o anúncio central da fé cristã, o mistério pascal de Jesus. A Páscoa é a fonte da Esperança, é a fonte do dinamismo missionário e o conteúdo do anúncio missionário. Esta profissão de fé pública das primeiras comunidades, tem sua raiz no fato de que Jesus ressuscitado, nas aparições aos discípulos veio ao encontro dos seus, o grupo que o seguia, que instruíra e conviveu com Ele. As aparições de Jesus ressuscitado aos discípulos realizam um encontro pessoal de forma inevitável, manifestando todo poder e fidelidade da ação criadora de Deus quanto ao Seu projeto.
É a partir desta obra poderosa da ressurreição de Jesus, que o projeto de Deus vai continuar sua encarnação e presença na história da humanidade, neste encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos, Ele os envia como testemunhas para que também todas as nações se tornem discípulas (Mt 28, 16-20). Portanto, é em razão das aparições de Jesus ressuscitado que os discípulos reunidos constituem a comunidade que recebe o mandato de ir e proclamar a Boa Nova do Reino de Deus a todos os povos e, pela ação do Espírito Santo são o novo povo de Deus a igreja de Jesus Cristo.
A nossa fé é a fé dos apóstolos, pois Cristo continua presente na história através do testemunho da igreja apostólica. O mês missionário deste ano como tema: Jesus Cristo é missão e o lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) nos provoca a atualizar e renovar o mandato missionário de Cristo, sermos uma igreja “enviada às nações para ser o sacramento universal de salvação” (AG 1,862: LG 48,129), sinal ativo de Cristo na história que liberta todos os homens de todas as suas escravidões.
Diante da realidade em razão da pandemia da Covid-19, situações de grande sofrimento e perigo que vivemos nestes últimos tempos abateu-se o ânimo das nossas comunidades, as oportunidades de encontro e de momentos de evangelização foram restritas e mesmo agora paira no ar uma insegurança e desconfiança por conta ainda da evolução da pandemia. O mês missionário dentro deste contexto continua a nos conclamar a ampliar nosso olhar missionário para as necessidades do mundo e abraça-las através do nosso testemunho e oração.
Na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões e a Campanha Missionária o Papa Francisco nos diz “neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome de um distanciamento social saudável, a missão de compaixão é urgente e necessária por sua capacidade de fazer desse distanciamento recomendável uma oportunidade de encontro, cuidado e promoção”. Vivamos, pois, este mês missionário como instrumentos da compaixão e da esperança que brotam do amor do Cristo ressuscitado e da nossa vocação batismal. Entendermos que o campo de missão está ao nosso redor e que basta que abramos os nossos olhos e coloquemos os nossos dons a serviço, dizendo nosso Sim para que o Espírito Santo atue em nós e de forma criativa e atual sejamos testemunha do Cristo missionário.