Deus, ao concluir a criação do cosmo, fez o ser humano “a sua imagem e semelhança” (Gn 1, 26) e viu que tudo “era muito bom” (Gn 1, 31). O salmista entoa: “Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? Pouco abaixo de Deus o fizestes coroando-o de glória e esplendor...” (Sl 8, 5-6). Assim. A humanidade, querida e amada por Deus, é o ápice do ato criador de Deus e é chamada a ser continuadora da criação.
Todavia, Adão e Eva quebraram a harmonia original da criação quando comeram do fruto da árvore que está no meio do jardim e tornaram-se como deuses (Gn 3). Assim, entra no mundo criado o chamado “pecado original”. Deus, por sua vez, prepara o mundo para acolher a remissão dos pecados e a eterna salvação. “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei a fim de que recebêssemos a adoção filial” (Gl 4, 4-5)
No mistério da Encarnação, Deus salva o mundo em Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro ser humano. Portanto, o Filho de Deus esvazia-se de si, assume e experimenta a condição humana, exceto o pecado (Hb 4, 15), liberta a humanidade do pecado original e a salva. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, (n.22) afirma que: “o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efetivamente figura do futuro, isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime”.
Isso posto, quando cada ser humano se insere no Mistério de Cristo, Encarnado e feito pão na Eucaristia, sua existência e suas relações são transformadas, pois “se alguém está em Cristo é nova criatura” (2 Cor 5, 17). O Filho de Deus humanado ensina aos homens e mulheres a como serem mais humanos, para construírem vínculos não pautados somente no egoísmo, no lucro ou no prazer, mas sim no amor pregado e vivido por Jesus.
Enquanto se prepara para celebrar o Santo Natal, a Igreja reza: “Agora e em todos os tempos, ele (Jesus Cristo) vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de seu reino” (Prefácio do Advento IA).
Por fim, que este tempo de Advento, além de nos preparar para celebrarmos a Encarnação do Verbo, leve-nos a um maior conhecimento e contemplação de Nosso Senhor. Assim, seremos mais humanos e vivermos uma comunhão mais profunda com Deus e com os toda a humanidade. Clamemos, sempre: Maranathá! (Vem, Senhor Jesus!).