A Educação: histórias e memórias

A educação é um seguro para a vida e um passaporte para a eternidade. Antonio Guijarro

Coluna Unijales por Unijales em 13 de setembro, 2018 17h09m

A conquista do curso de Direito e a nossa alegria por tal conquista, trouxe-me algumas reflexões que gostaria de compartilhar com aqueles que vivem a educação, sobretudo com a etapa decisiva no processo de ensino: a graduação no ensino superior. Viver a experiência acadêmica, é antes tudo, viver dividido entre o sonho e o real. Essa dicotomia é própria desse mundo que carrega a missão de transformar o presente e, ao mesmo tempo, de transmitir legados.

Quando cheguei em Jales, em 2001, experimentava uma situação semelhante no campo pessoal. Mudava o século e eu mudava de cidade e de vida. Assim, trazido por uma somatória de motivos, mas que se resumia em trabalhar na Unijales (na época FAI/Jales). A utopia do estudante que sonhava revolucionar o mundo, adentrava para uma instituição particular, mas que, surpreendentemente, apresentava-me um sentido novo.

Amparado pela dona Ruth Ceneviva, aquela avó que nos faz sentir seguro, mas que também nos lembra de nossas responsabilidades, aos poucos, reelaborei conceitos e me apaixonei pela Instituição que me acolhia. Por isso, presto minha homenagem a Dona Ruth, de um perfil doce e severo, exalava honestidade e competência. Para minha felicidade, fui, ainda que por pouco tempo, seu vizinho de apartamento. Morávamos no primeiro andar e era preciso subir uma escada até chegar ao apartamento. Por diversas vezes, encontrei-a subindo aqueles degraus a passos lentos e agarrada ao corrimão. Mas nenhuma queixa sobre as limitações que seus quase 80 anos lhe impunham. Sempre que nos encontrávamos, o assunto era um só, a FAI/Jales (hoje UNIJALES), mas com um único foco: a educação de qualidade.

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Falávamos de autores voltados para a educação, suas teses e a relação destas com a nossa realidade (a muitos daqueles autores fui apresentado por ela), além disso, sempre trazia algum recorte de revista ou jornal sobre o ensino. Mas, não era só. Dona Ruth enxergava a faculdade muito além de um lugar para as pessoas conseguirem um diploma. Ela falava dos professores como verdadeiros filhos, reclamava, cobrava, elogiava-os, mas acima de tudo, sempre os defendia em sua luta pela valorização da educação. Acompanhava carinhosamente todo trabalho dos coordenadores, e, assim, me fiz coordenador. Chamado de menino, apesar dos meus trinta e poucos, aquela senhora (às vezes sisuda) deu-me asas. Dona Ruth sabia ouvir como ninguém e, ao me ouvir, sempre tinha um conselho certeiro. Seu desprendimento, discernimento, competência e sinceridade estão cada vez mais raros. Sua presença nos primeiros anos de minha carreira deu-me segurança, discernimento e motivou meus sonhos.

Estou em Jales há quase 20 anos. Nesse tempo, a Unijales mistura-se à minha razão de existência. Sem nenhum outro vínculo, somente o amor ao trabalho e à confiança dos mantenedores para que isso pudesse acontecer. Hoje, carrego as marcas dessa vivência, do respeito e do desejo de aprender sempre. Obrigado Christina Soler, por todos esses longos anos de luta e amor a Unijales.

P. S. A memória nos cobra a consciência do presente. Quando comecei a refletir sobre o momento atual, quando busquei relacionar as conquistas vivenciadas na Unijales com minha experiência à das últimas décadas, naturalmente a figura da D. Ruth Ceneviva se impôs.  

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