DA INDIFERENÇA À COMUNHÃO: UM CHAMADO À UNIDADE

Geovanny dos Reis Sinigalia, Secretário Diocesano de Pastoral Nas últimas décadas o mundo testemunhou significativas transformações e inovações.

Artigo em 20 de janeiro, 2024 12h01m

Geovanny dos Reis Sinigalia, Secretário Diocesano de Pastoral

Nas últimas décadas o mundo testemunhou significativas transformações e inovações. No entanto, essas mudanças também trouxeram consigo desafios crescentes de viver em uma realidade que permanece marcada por guerras, disputas políticas, intolerância, indiferença e desigualdade. Esta realidade mostra que o mundo ainda não aprendeu a utilizar seus avanços para a promoção de contextos que geram a unidade. O Papa Francisco, na Encíclica Fratelli Tutti, afirma que, a história dá sinais de regressão quanto as tentativas de promover a comunhão fraterna, à medida que se reascendem conflitos e formas de violência que pareciam superadas. Ademais, observa-se que a noção de unidade é instrumentalizada para interesses egoístas de determinados grupos, fator que contribui para o fechamento ao diálogo.

Com o mundo imerso nessa realidade, as pessoas reproduzem a cultura da indiferença em variados contextos, como a família, relações de trabalho e a vida pastoral. Entretanto, essas adversidades não podem ser interpretadas como uma justificativa para a continuidade dos problemas que cercam a sociedade. Ao contrário, essas representam um desafio que exige, de cada pessoa, proatividade para alcançar uma cultura de paz. Esses contextos se tornam ponto de partida para cultivar um espírito de fraternidade e solidariedade, que envolve as pessoas em uma caminhada rumo à transformação social.

A Constituição Lumen Gentium afirma que Deus escolheu salvar e santificar os seres humanos, não individualmente, sem qualquer ligação entre estes, mas constituindo-se em povo, comunidade, que unida O conhece, na verdade. No Antigo Testamento, o Profeta Ezequiel revela que é possível alcançar a paz a partir da comunhão fraterna, ao manifestar a vontade de Deus em reunir os Seus filhos e filhas, para formar uma aliança de paz com o Seu povo (Cf. Ez 37, 17-26). Por sua vez, no Novo Testamento, Jesus convida todos os seres humanos a se amarem mutuamente para alcançar o Seu amor (Cf. Jo 13,34). Com este novo mandamento, todas as pessoas são chamadas na construção de uma cultura que favoreça a unidade, a partilha e o respeito à dignidade humana. 

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É necessário compreender que o princípio que une os seres humanos é maior do que os conflitos que os dividem, bem como buscar caminhos em que ambas as partes sejam respeitadas. Nesse contexto, a comunhão fraterna surge nas partilhas dos conhecimentos e na disposição em dialogar, escutar e reconciliar. Assim, é preciso partir apressadamente (Cf. Lc 1,39), cheios de esperança, à desafiadora missão de acolher nossos irmãos e irmãs excluídos pelas formas de violência do mundo atual.

À luz desses ensinamentos, cada pessoa deve dar a sua contribuição, de sua família ao mundo inteiro. A participação coletiva em iniciativas locais, a luta por trabalho, alimentação e moradia digna, o envolvimento na vida pastoral, a educação para a paz e o diálogo inter-religioso são exemplos de ações concretas que promovem a paz. Por fim, nesse processo, que se constrói sistematicamente, chamado pelo Papa Francisco de “artesanato da paz” e com a inspiração da Santíssima Trindade, que é modelo de unidade, todos irão finalmente se encontrar e a paz prevalecerá.

Jales, 17 de janeiro de 2024.

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