MEU LUGAR DE DIREITO NA FAMÍLIA

Todos nós pertencemos a uma família.

Coluna Unijales por Unijales em 12 de novembro, 2020 16h11m
Ana Claudia de Carvalho, Terapeuta Sistêmica
Ana Claudia de Carvalho, Terapeuta Sistêmica

Todos nós pertencemos a uma família. Nem todos a conhecem ou estão inclusos, mas todos viemos de um sistema familiar por mais frágil e confuso que seja, sendo que, cada indivíduo possui o seu lugar de direito.

Se cada um tem um lugar específico, isso quer dizer que existem funções distintas a serem desempenhadas para que a família fique bem. A importância de ocuparmos o nosso lugar de direito e desempenhar apenas a nossa função, não tomando para si a função do outro por dó, pena ou culpa, certamente nos proporcionará sistemas mais saudáveis e é disso que trataremos aqui.

Todas as vezes que sentimos pena de alguém enfraquecemos essa pessoa, pois determinamos ali, inconscientemente, que ela não consegue, que ela não dá conta, que é preciso fazer por ela. Esse sentimento pode estar atrelado a uma postura de superioridade e/ou de codependência, e é nessa dificuldade em se colocar no seu lugar, aceitar o outro como é, pois ele é certo como é, que as funções vão perdendo forma e os membros deixando de arcar com as suas responsabilidades: a família toda se enfraquece.

Ou então, quando um membro da família é excluído, isso gera um trauma muito grande em todo o sistema. Mesmo que um membro tenha feito algo grave contra a própria família, ele ainda precisa ser entendido como parte dela, talvez não precise mais ter a convivência com essa pessoa, mas agir como se ela nunca tivesse existido, sendo completamente excluída, desencadeará sérias consequências sobretudo para as gerações mais novas  que sentirão essa ausência através das memórias genéticas da transgeracionalidade, já comprovado cientificamente.

Um problema infelizmente clássico nas famílias em que ocorre a perca de papéis e funções é quando o filho, por amor aos pais, tenta uni-los, pois estes já não se encontram mais como casal e inclusive tiveram esse filho para “salvar” o casamento. Qual é o papel desse filho na família? Por que esse filho foi gerado? Pelo excesso de amor entre o casal ou por falta dele? Esse filho terá condições de ir para a vida de forma saudável ou ficará aprisionado com uma carga de responsabilidade grande sobre os ombros, que poderá adoecê-lo? E, ao passo que for crescendo, esse filho será filho ou será pai e mãe dos pais dependentes dele?

Na tentativa de unir o pai e a mãe, a criança, por exemplo, pode começar a dar muito trabalho, a ser um filho muito difícil de lidar. Ela sente que o casal homem e mulher já estão distanciados. O filho sente tudo. Então, se coloca a serviço desses pais, porque ele os ama incondicionalmente. Amor cego. O filho se sacrifica, colocando-se em situações difíceis para centrar a atenção dos pais nele, numa tentativa desesperada de uni-los.

Sei que é difícil ler e compreender que somos capazes de fazer isso com os nossos filhos, mas fazemos, e quando temos a coragem de olhar pra isso nos abrimos para uma nova postura, nos libertamos e libertamos a nossos filhos também. Precisamos, por mais difícil que seja, entrar em contato com as nossas dores, pois quando fazemos, nos autoconhecemos, temos a possibilidade de experimentar a mudança de vida para sermos melhores para nós mesmos, e essa melhora tem reflexos em todo ao seu redor, é uma evolução fantástica e muito prazerosa rumo à liberdade do EU.

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Portanto, família saudável é aquela que tem clareza sobre as funções de cada indivíduo, não sobrecarregando ninguém, trazendo leveza para a convivência. São muitos os exemplos em que ocorre a perda de funções dos membros de uma família, e cada família tem suas particularidades. Mas, entenda uma coisa: você que identificou ou se incomoda profundamente com comportamentos adoecidos da sua família e da forma como eles te atingem e certamente como você os reproduz, reconheça que sozinho é muito difícil se olhar e identificar as causas, a profundidade dos problemas, é preciso direcionamento e compromisso com a pessoa mais importante da sua vida: VOCÊ!

Procure ajuda. Enquanto você deixar suas prioridades para suprir as dos outros, a pessoa mais importante de sua vida não será você, serão sempre os outros!

Comece a dar prioridades a você! Vai perceber que seu humor será a primeira coisa que mudará, se sentirá muito culpado no início, é parte do processo, mas vai sentir a leveza a cada dia, a cada passo, a cada amanhecer.

Sou Ana Claudia de Carvalho, Terapeuta Sistêmica, e convido você a mudar o seu ciclo vicioso de comportamentos adoecidos e colocar-se numa busca por uma vida mais saudável e prazerosa. Busque o seu lugar de direito!

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