
Vinícius Santos dos Reis
Seminarista do 4º ano de Teologia – Paróquia Santa Rita de Cássia
A Doutrina Social da Igreja, também chamada de Ensinamento Social da Igreja, consiste no conjunto de todos os ensinamentos do Magistério Eclesiástico a respeito da vida das pessoas em sociedade. Ela nasce do “encontro da Palavra de Deus com os problemas da vida social” (Compêndio da DSI, n. 3).
No Antigo Testamento, a preocupação social já se manifesta desde o início. O livro do Êxodo mostra que Deus viu os sofrimentos e ouviu o clamor de seu povo subjugado no Egito (cf. Ex 3,7). Em todas as épocas, os profetas denunciaram as situações sociais que oprimiam o povo de Deus e impediam que vivessem na plena liberdade desejada por Ele para cada um de nós.
O Evangelho testemunha a atenção especial que Jesus dedicou aos pobres e necessitados: “Enviou-me para evangelizar os pobres” (Lc 4,18). Sua missão não se reduzia à mera satisfação de necessidades materiais, mas visava promover integralmente a pessoa humana. Suas atitudes revelavam um chamado incisivo: “Levanta-te, vem para o meio” (Lc 6,8). Cristo não se limitava a curar males físicos, mas procurava desfazer todas as barreiras que excluíam o ser humano do convívio social.
No Magistério recente, a encíclica Rerum Novarum (1891), do Papa Leão XIII, é considerada o marco fundador da Doutrina Social, pois foi o primeiro documento pontifício a tratar de modo sistemático as questões sociais modernas. Ela abriu caminho para uma série de ensinamentos contínuos que os sucessivos Papas iriam oferecer sobre a visão da Igreja diante dos desafios sociais.
Na Rerum Novarum foram delineados os princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja: a dignidade da pessoa humana, o direito ao trabalho e a um salário justo, a função social da propriedade, o bem comum, a solidariedade e a subsidiariedade. Tais princípios se tornaram referência segura para os ensinamentos posteriores do Magistério.
Por isso, todos os cristãos são convocados, em virtude da sua vocação batismal, a colaborar na dimensão social da fé. Isso não significa assumir posicionamentos ideológicos, mas viver uma prática evangélica enraizada no exemplo de Cristo. Pois “a fé sem obras é morta em si mesma” (Tg 2,17). Que nossas mãos estejam sempre a serviço dos irmãos e irmãs, para que, unidos como Igreja — Corpo Místico de Cristo — possamos manifestar, pelas obras, a nossa fé (cf. Tg 2,18).