03 de Junho, 2021 15h06mColuna Notícias da Diocese por por Dom Reginaldo Andrietta

NÃO É HORA DE GRITAR GOL

O anúncio de que o Brasil será sede da Copa América entre junho e julho deste ano de 2021, em meio ao cenário caóti

Vitor Inácio Fernandes da Silva - Assessor de Comunicação da Diocese de Jales e Jornalista das Rádios Assunção e Regional FM
Vitor Inácio Fernandes da Silva - Assessor de Comunicação da Diocese de Jales e Jornalista das Rádios Assunção e Regional FM

O anúncio de que o Brasil será sede da Copa América entre junho e julho deste ano de 2021, em meio ao cenário caótico de enfrentamento a pandemia de Covid-19, gerou discussões entre grupos favoráveis e contrários. A rápida decisão e o comunicado relâmpago nas redes sociais ocorreram após uma reunião online entre dirigentes das seleções nacionais e organizadores. Esportistas, políticos, imprensa, médicos e grande parte da sociedade se envolveram no debate sobre o momento em que o país recebe o evento esportivo. As sedes anteriores, Colômbia e Argentina, não desenvolverão a competição continental por conflitos políticos e o agravamento da pandemia, respectivamente.

Horas antes de a reunião ocorrer, não era ventilada nos bastidores a possibilidade do Brasil sediar o evento. A forma com que o Governo Federal prontamente aceitou a realização da competição e se envolveu em sua organização chamou a atenção. O mesmo empenho não é notado no combate à pandemia e na adoção de medidas que pudessem frear o avanço da contaminação. O Brasil faz parte de estatísticas trágicas e com a infeliz capacidade de atingir em algumas semanas a marca de meio milhão de mortes.

Neste cenário, foi apresentado como argumento para a definição do país como sede do evento pela quinta vez, a expertise e estrutura de estádios monumentais que foram construídos para a Copa do Mundo de 2014. O sistema de saúde brasileiro representado pelo SUS, por mais problemas de financiamento que enfrente, demonstrou sua força no tratamento e nos esforços para receber os pacientes nos momentos de picos das internações e nas ondas que custaram inúmeras vidas, mas não recebeu a mesma atenção.

Os responsáveis pela República, eleitos para defender as demandas da população, negligenciaram e não se envolveram significativamente na compra de vacinas, principal caminho para proteger a população e conduzir para o fim da pandemia. O negacionismo, tratamentos duvidosos e o desinteresse em responder as propostas das empresas farmacêuticas fez com que a pandemia atingisse essa magnitude. Muitas famílias gostariam de ver e ter seus entes com saúde e vacinados para poder torcer em um jogo da seleção canarinho.

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Na homilia da Solenidade de Corpus Christi, no ano de 2019, Papa Francisco enfatizou, “no mundo, procura-se sempre aumentar os lucros, aumentar o volume de negócios... Sim, mas com que finalidade? É o dar ou o ter? O partilhar ou o acumular? A economia do Evangelho multiplica partilhando, alimenta distribuindo; não satisfaz a voracidade de poucos, mas dá vida ao mundo (cf. Jo 6, 33). O verbo de Jesus não é ter, mas dar”.

As ações inconsequentes empurraram os números da pandemia e escancaram a desigualdade no Brasil. O mapa da fome voltou a crescer, mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas, famílias que perderam suas fontes de renda e enfrentam desafios para ter o mínimo para se alimentar. Os impactos socias gerados pela pandemia e ausência de políticas sociais serão notados por muitos anos.

As decisões foram tomadas e quem paga a conta, mais cedo ou mais tarde, deverá ser o próprio povo que já é castigado com conflitos anteriores e com solidariedade se une em busca de suprir e se aproximar das dificuldades vivenciadas por seus irmãos.  E nos perguntamos: como cuidar da vida e da dignidade humana quando se preocupam com as aparências? Não é hora de gritar gol.

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Dom Reginaldo Andrietta

Batizado na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, Pirassununga, no dia 16 de junho de 1957. Crismado na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, Pirassunuga, no dia 27 de maio de 1962. Primeira Eucaristia na Paróquia Santo Antonio, Pirassununga, no dia 17 de junho de 1965. Ordenado Diácono na Igreja São Luiz Gonzaga, Paróquia São Benedito, Americana – SP, no dia 19 de outubro de 1982. Ordenado presbítero na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, Pirassununga, no dia 18 de março de 1983. Foi nomeado Bispo para a Diocese de Jales, pelo Papa Francisco, no dia 21 de outubro de 2015. Sua ordenação Episcopal foi realizada no dia 27 de dezembro de 2015, em Americana, SP, na Basília Santuário Santo Antonio de Pádua. Sua posse na Diocese de Jales ocorreu no dia 31 de janeiro de 2016. Seu lema Episcopal é: “A Serviço do Bem Comum”

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