Seja constante o amor fraternal.
Não se esqueçam da hospitalidade;
foi praticando-a que, sem o saber,
alguns colheram anjos.
Hebreus 13:1-3
A UNIVIDA – Universitários em Defesa da Vida completa uma década, proporcionando a jovens universitários de todo o país, a experiência extraordinária do voluntariado entre os excluídos socialmente. Desde 2012, a UNIVIDA promove a aproximação dos que pretendem ser abrigo daqueles que são esquecidos, invisíveis, despojados, visando nesse processo, o desenvolvimento da empatia, na busca por uma humanidade compartilhada. Nos 10 anos que tem, a UNIVIDA vem promovendo a defesa da vida aonde a desigualdade domina, seja nas periferias das cidades, entre os indígenas, ribeirinhos e quilombolas do Rio Andirá/AM ou na Reserva Indígena de Dourados/MS.
A 10ª Missão UNIVIDA Dourados/MS foi concluída recentemente. Foi o retorno da atividade que mais representa e identifica a UNIVIDA. Em função da pandemia, as missões foram suspensas e só reintegradas as atividades da UNIVIDA com responsabilidade perante aos indígenas e as devidas precauções, como a exigência de vacinação e testes para os missionários. Dessa edição de aniversário, participaram 130 voluntários, sendo a maioria composta de universitários da área da saúde, profissionais e equipe de apoio. A partir de movimento efetuado pelos voluntários, obteve-se um volume importante de doações, que atingiu 40 toneladas, entre roupas, alimentos, brinquedos, medicamentos que, circunstancialmente, suprimiram as necessidades mais prementes da população da Reserva Indígena de Dourados, aldeias vizinhas e assentamentos.
É justo afirmar que existe um vínculo estabelecido ao longo dos anos de convivência, entre a UNIVIDA e os indígenas da região de Dourados/MS, estabelecido a partir do respeito mútuo, uma das premissas importantes da solidariedade. Muito além de esperar pelos donativos, esses homens, mulheres e crianças, esperam também pelo grupo de humanitários, que acreditam na igualdade para todas as pessoas. Nossos irmãos aguardam pela atenção, acolhimento, resolutividade, pela chance do falarem e serem ouvidos e aceitos, pela oportunidade de compartilhar crenças, tradições, histórias de toda sorte. E também pelas consultas, tratamentos, cuidados. Tem-se um espaço de troca, de afetividade, de alegria e fraternidade. A 10ª Missão UNIVIDA foi a missão do reencontro.
Cada missão apresenta particularidades que a difere das demais. Com a pandemia de Covid-19, muitas das vulnerabilidades sociais foram ainda mais agravadas e ficaram mais evidentes, sendo a pobreza e doença potencializadas no território indígena em Dourados/MS. Encontramos pessoas mais tristes, abatidas e desesperançadas. Sabemos que a desigualdade não opera em uma só dimensão, portanto, cabe à 10ª missão UNIVIDA, além do assistencialismo necessário proveniente das doações, da promoção de saúde ofertada pelos cuidados médicos, odontológicos, de enfermagem, chamar a atenção para múltiplas dificuldades existenciais desse povo. A UNIVIDA acredita que um mundo menos desigual só pode ser construído quando repensamos as relações de poder, incluindo aqui os fatores culturais além dos econômicos.
Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. A empatia pelas dores alheias, a consciência de que vivemos num sistema unificado onde o bem-estar de cada um afeta o bem-estar de todos os outros, motivou os voluntários a um trabalho de conexões inesperadas, capaz de sair da forma usual de pensar e falar, de superação de barreiras. Foram realizações bem-sucedidas, desempenhadas com competência, disposição e alegria que ressoarão nos corações dos que acolheraram e dos acolhidos.
Que toda a vivência permitida durante a 10ª missão UNIVIDA possa atingir o principal objetivo da UNIVIDA, a exteriorização da humanidade que há em nós e que precisa ser cotidianamente revelada.