FORMAR-SE PARA A SINODALIDADE

Atualmente, o termo Sinodalidade passou a fazer parte de muitos discursos e projetos eclesiais, nas homilias e em muitas publicações.

Coluna Notícias da Diocese por Dom Reginaldo Andrietta em 25 de fevereiro, 2022 17h02m
Pe. Edvagner Tomaz da Cruz, Doutor em Teologia
Pe. Edvagner Tomaz da Cruz, Doutor em Teologia

Atualmente, o termo Sinodalidade passou a fazer parte de muitos discursos e projetos eclesiais, nas homilias e em muitas publicações. Contudo, requer-se muito cuidado e compromisso com o verdadeiro sentido desta palavra. A Sinodalidade não pode ser um verniz ou um enfeite, com o objetivo apenas de embelezar.

Uma das definições de Igreja, recuperada pelo Concílio Vaticano II, é Igreja Povo de Deus que caminha (Cf. Lumen Gentium, capítulo 2). Neste caminho, encontramos na essência da Igreja o “caminhar juntos”, sentido de Sinodalidade. Com isto, manifesta o caráter “peregrino” da Igreja, Povo convocado por Deus que caminha com Cristo, rumo ao Reino definitivo (Cf. A sinodalidade na vida e na missão da Igreja, 49-52). A Sinodalidade está na essência da Igreja e, por isso, seu conceito deve ser valorizado e estar presente na formação cristã.

Neste período, em que se iniciam Ano Letivo, Ano Pastoral, Abertura dos trabalhos e estudos nos seminários, processo de escuta nas Dioceses com suas comunidades em vista do Sínodo, é necessário um olhar para a formação, para a Sinodalidade. Fazer um caminho junto de diálogo, de abertura, de acolhida, requer, no sujeito da questão, todo Povo de Deus, um primeiro passo que é a mudança interior, a conversão.

A base da formação cristã está necessariamente alicerçada em Jesus Cristo. É importante revisitar sua história, reler textos bíblicos e reconhecer, na história do povo, o quanto Deus agiu em defesa deste povo, a ponto de nos dar seu próprio Filho para “caminhar” conosco. A Igreja atualiza esta presença de salvação pelos sacramentos, a celebração memorial do evento salvífico.

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Formados e formando-se na escola cristã é importante reconhecer e crescer na consciência e na sensibilidade para criar um “hábito” sinodal, ou seja, uma experiência de diálogo, de abertura e de atenção ao outro. Não é apenas uma práxis cristã, uma tarefa a ser cumprida, mas uma experiência encarnada na vida, necessariamente deve passar pelo coração e pela consciência.

A formação para a Sinodalidade não significa mudar tudo, mas sim ter práticas que contribuem para o crescimento. Conduzir para um diálogo respeitoso, um entendimento à Luz da Palavra de Deus e sempre invocando o Espírito Santo, que conduz a Igreja. Constituir um fundo antropológico que ilumina o teológico, o social e o cultural.

A Sinodalidade não é uma experiência democrática, como num Parlamento – afirmou Papa Francisco em discurso no Vaticano à Ação Católica (30 de abril de 2021), mas a experiência sinodal requer oração, invocação do Espírito Santo, fé e silêncio para se encontrar o melhor discernimento. É deixar o Espírito renovar a comunidade de hoje como renovou desde Pentecostes aquela comunidade primeira.

Um conselho do Papa Francisco aos teólogos, mas que serve para todos, formar-se na Sinodalidade e, colocar-se no confronto da realidade com a mente aberta e de joelhos (Cf. VeritatisGaudium, 3) empreendendo, com espírito renovado, um novo tempo de evangelização.

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