Agro: PIB do setor cai 4,1% em 2022 e deve crescer até 2,5% no ano que vem, projeta CNA

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro vai fechar 2022 com saldo negativo de 4,1%, principalmente em função da queda da produção e redução dos preços. Os dados são do balanço do setor apresentado na quarta-feira (7/12) pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). A guerra entre Rússia e Ucrânia foi colocada pela CNA como o principal distúrbio econômico do ano, o que acelerou a inflação de energia e alimentos em todo o mundo, além dos impactos da pandemia.

Economia em 10 de dezembro, 2022 16h12m

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro vai fechar 2022 com saldo negativo de 4,1%, principalmente em função da queda da produção e redução dos preços. Os dados são do balanço do setor apresentado na quarta-feira (7/12) pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). A guerra entre Rússia e Ucrânia foi colocada pela CNA como o principal distúrbio econômico do ano, o que acelerou a inflação de energia e alimentos em todo o mundo, além dos impactos da pandemia.

Em dezembro do ano passado, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era a produção de 291 milhões de toneladas para a safra de grãos 2021-2022. O balanço fechado em setembro deste ano apontou produção de 271 milhões de toneladas. 

“Tivemos mais uma vez uma La Niña de intensidade alta, principalmente nos três estados do Sul, mais Mato Grosso do Sul, tivemos enchentes em Minas Gerais, Bahia e outros estados do Nordeste que prejudicaram muito a safra de grãos. Pegando só milho e soja, o prejuízo foi estimado em R$ 83 bilhões”, disse o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi. 

Em relação aos custos de produção, a CNA chamou atenção para o aumento nas cadeias de arroz, milho, soja e trigo, que passaram de 40%. “Na pecuária, da mesma forma. Os aumentos de suplemento mineral e ração se mantiveram muito elevados. Uma cadeia que destaco é a suinocultura, um setor que entrou em crise. Tivemos grande produção brasileira, mas retração de consumo no mundo”, destacou o diretor técnico da CNA. 

Em relação à balança comercial, entre janeiro e novembro deste ano, as exportações do agro representaram 48% do total do país (R$ 148,3 bilhões em R$ 308,4 bilhões), crescimento de 23,1% em comparação a todo o ano de 2021. Segundo a CNA, os principais produtos exportados são soja em grãos, carne bovina, milho, farelo de soja e açúcar bruto.

As importações, por outro lado, somaram R$ 15,8 bilhões de um total de R$ 250,8 bilhões. Trigo, papel, óleo de palma, salmão fresco e malte compõem a lista de principais mercadorias trazidas de fora pelo Brasil. 

“Uma excelente notícia neste ano em relação às relações comerciais foi a conclusão do acordo das negociações com Singapura. Esse é o primeiro acordo que o Mercosul fecha com países da Ásia. Singapura não é um mercado muito grande, mas é significativo”, informou a diretora de relações internacionais da CNA, Sueme Mori. Segundo a Confederação, foram 49 aberturas de mercado em 2022. 

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Projeção para 2023

Ao analisar o cenário internacional e as projeções do agronegócio para 2023, a CNA considera que o crescimento mundial terá ritmo mais lento. Quanto à produção das principais commodities, a Confederação prevê que haverá incremento de soja, o que pode levar a uma queda do preço do produto no próximo ano. 

“O trigo é a commodity que a gente imagina que terá preços maiores, principalmente por causa dos países produtores na União Europeia, a própria Ucrânia e Rússia, terem problemas de ampliação de produção e ainda gastos mais elevados por conta do contexto da guerra, o que pode impactar ainda mais”, explicou Lucchi. 

A expectativa é de que o PIB do agronegócio fique entre 0% e 2,5%. O PIB do país tem previsão de crescimento de 0,75%. “Crescemos em 2020 algo em torno de 20%. Em 2021 foi 8% e esse ano vamos cair 4%. Então crescer 2,5% em cima de uma base extremamente grande não é algo pequeno, mostra que o setor realmente segue importante”, concluiu. 

O diretor técnico da CNA observou ainda que defende a flexibilização do teto de gastos por menos tempo e não por todo o próximo mandato do governo eleito, como está na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pela equipe de transição ao Congresso Nacional. Segundo Lucchi, a medida pode elevar o risco de crescimento da dívida do governo, o que pode acarretar em alta inflação e aumento dos juros. 

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